29 de abr. de 2011

O dom de escrever

Mais que uma arte, escrever é um dom. Não é fácil transpor para o papel ideias e inspirações, muito menos torná-las compreensíveis para os leitores. Aprendemos uma Língua Portuguesa precária nas escolas, com pouca ênfase à redação e à compreensão de textos. Não se ensina a ler com a alma, não se ensina a amar as palavras, não se ensina a traduzir pensamentos. E o resultado é que a grande maioria mal consegue fazer o "ó" com o fundo do copo, quiçá produzir um parágrafo com começo, meio e fim.


Mesmo com anos de estudo, muita gente encontra dificuldade para escrever um simples bilhete, quanto mais um livro. Há pessoas com lindas inspirações, mas que não conseguem transpor os sentimentos para o texto. Para mim, escrever sempre foi algo que brotou das entranhas. Mal fui alfabetizada e já rabiscava meus escritos por aí. Com dez anos, venci um concurso de redação do principal jornal aqui da província e tive algumas poesias publicadas em outro. O papel sempre foi meu melhor amigo. Era (e é) ele que absorvia todos os meus pensamentos, sonhos, devaneios, alegrias, tristezas, angústias, mágoas, desejos.

Minhas gavetas sempre foram entulhadas de anotações, de frases, de poemas, de textos inteiros, de fragmentos, de calores, de palavras. E ainda continuam assim, repletas de papéis, pois, embora grande parte da minha produção esteja armazenada no computador, não vivo sem um caderninho na mão para anotar coisas que a princípio parecem sem nexo, mas que depois viram matéria-prima para meus escritos.

Apesar de escrever desde criancinha, relutei muito em tornar pública minha produção. Meu círculo me incentivava, mas eu pensava que aquilo era só meu e deveria continuar assim... 
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Eu, particularmente, sigo o mestre Caio Fernando Abreu: "Se não gostar de ler, como vai gostar de escrever? Ou escreva então para destruir o texto, mas alimente-se. Fartamente. Depois vomite. Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta."


Escolha palavras, descubra novos significados, pontue, respire, ouça os sons das letras e enfie tudo goela abaixo. E depois vomite frases, poesias, prosas, surrealismos... Enfim, escreva o que sentir! Leia, releia, corte, leia, releia, e aos poucos faça o acabamento. Mas lembre-se: use a alma para lapidar tudo isso.

4 de abr. de 2011

A vida é cacofonia

As noites em que doem dentro do peito, a angustia, a solidão que acompanham cada noite vazia, cada noite em que eu me perco dentro da minha própria solidão. Os dias tristes, ao contrario dos dias melhores, são dias doloridos. Eu não posso escrever muito sobre a dor, porque as palavras fogem nesse momento... Já é madrugada, não posso te ligar, você também não vai querer me atender. Não vou poder ouvir sua voz, aquela voz que ameniza as minhas angustias, desabafos e tristezas. Paixão avassaladora essa, que me faz bem e me faz mau; Que me faz feliz e infeliz. Talvez eu sempre quis você e nunca soube o tamanho desse "querer".. Esse sentimento deveria estar bem guardado, abafado ao meio das minhas lágrimas. Essa loucura que eu vivo com e sem você. Eu realmente odeio a paixão, embora não consiga me livrar dela. Canso de dizer e repetir, paixão machuca, doí, destroi, magoa.. Mas não consigo me imaginar sem ela, essa cacofonia do meu dia a dia. Você, meu amor tão utópico!